Do senhorio à Casa: estruturas institucionais de configuração do corpo familiar, sécs. XIV- XVII. Percursos jurídico-legais, histórico-arquivísticos e historiográficos

Pós-Doutoramento em Arquivística Histórica, de Rita Sampaio da Nóvoa

Apresentação

Este projeto parte de três pressupostos centrais:

– Da noção de que as famílias “nobres” se estruturaram, na cronologia em análise, dentro um quadro jurídico e legal específico a uma “sociedade de corpos” e a uma “sociedade construída sobre o direito”. O que obriga a pensar o corpo familiar num contexto jurídico-legal e corporativo mais amplo que o delimita a nível interno e das relações com os restantes corpos;

– Da ideia de que a compreensão das práticas documentais e arquivísticas das famílias “nobres” é essencial para a compreensão das suas estruturas institucionais e modelos organizacionais, e vice-versa. Os arquivos de família surgem, assim, como instrumentos “sociogenéticos”, permitindo o estudo das famílias «a partir de dentro» tanto a nível textual como das noções do grupo acerca de si próprio subjacentes à forma de organizar os arquivos;

– Do reconhecimento dos condicionalismos epistemológicos que os conceitos utilizados pelos historiadores impõem sobre a inteligibilidade do passado. Daí a importância de refletir sobre eles promovendo a sua “dessencialização”, isto é, a noção de que são instrumentos científicos construídos e não essências evidentes em si mesmos.

Assim, o objetivo central é contribuir para o conhecimento das estruturas institucionais de configuração do corpo familiar no seio da “nobreza” Portuguesa dos séculos XIV a XVII. O cumprimento deste objetivo implica analisar 1) os preceitos jurídicos e legais que enquadram as famílias; 2) estudos de caso representados em arquivos de família que testemunhem estruturas institucionais e modelos organizacionais familiares, articulando-os com os preceitos jurídico-legais, contextualizando-os na relação com outros corpos e instituições, e comparando-os na sua diversidade; 3) os conceitos utilizados para definir essas estruturas e modelos, questionando quais as “fontes” e realidades sociais a partir dos quais têm sido articulados e quais os seus limites e potencialidades epistemológicos.

Esta investigação de doutoramento foi financiada através de uma bolsa de pós-doutoramento individual da Fundação para a Ciência e a Tecnologia com a seguinte referência: SFRH/BPD/114904/2016.

Mais informações

1 de junho de 2017.